terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Por que a Ideiasnet vendeu sua participação na NetMovies?


Lí a seguinte notícia no Infomoney:

"SÃO PAULO – A Ideiasnet (IDNT3) informou ao mercado que efetuou a venda da totalidade da NetMovies Entretenimento S.A. para a Tiger Global Management, recebendo R$ 11,1 milhões pelo negócio."

Tudo bem que a Ideiasnet não foi muito bem das pernas em 2010 (desvalorização de 31,91% até agora), mas essa notícia me fez ligar o alerta. Há pouco tempo postei aqui sobre Daniel Topel, o fundador da Netmovies, e fiquei impressionado com a questão de sua formação - ele é físico com mestrado em engenharia em Stanford. Entretanto, ao longo do artigo que saiu no Portal Exame, também fiquei impressionado com os números e com a afirmativa do diretor de desenvolvimento de negócios da Ideisnet, Marcelo Almeida, onde o mesmo afirma que Daniel Topel é uma pessoa diferente. Afirmativas à parte, a Ideiasnet não ficou nem um ano com o seu investimento. Será que a empresa não tem um futuro tão promissor?

O meu alerta não ligou só por conta dessa notícia, mas também por causa da imensa quantidade de reclamações da Netmovies (fui obrigado a recusar algumas por causa do baixo nível) que recebi aqui no blog, sem contar os e-mails. Em geral, as pessoas reclamam que não conseguem fazer contato com a empresa, que recebem cobranças indevidas e que o atendimento ao cliente simplesmente não existe. Leiam uma das afirmativas postadas por uma pessoa que não quis se identificar:

"Realmente a história do Sr. Daniel Topel é interessante e é inegável sua habilidade com números. Porém também é inegável a tamanha incompetência desta empresa no atendimento ao cliente. A própria figura da "Ouvidoria Netmovies" criada para administrar e interagir com clientes pelas redes sociais simplesmente desapareceu destes meios."

Obs: Se quiserem ler o restante, abram o esse link aqui e desçam até o fim da página.

Achei a ideia do Daniel Fantástica, assim como o algoritmo que o mesmo criou, mas será que tanta reclamação assim não tem fundamento? Dizem que aonde há fumaça tem fogo.

Enfim, não sei o motivo real da venda da participação da Ideiasnet na Netmovies, mas me preocupa bastante o fato de ver tanta reclamação por parte das pessoas, sem contar o fato da Ideiasnet, que já fez boas compras no passado, se desfazer de um investimento de R$ 4,5 milhões em menos de um ano.

Fiquem atentos! E também não deixem de dar o seu feedback aqui, pois ele é muito importante.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O que você pretende fazer em 2011?


Virada de ano, geralmente, é sinônimo de promessas, mudanças e vida nova. É hora dar início àquele curso que está em pauta, mas que você não começa; àquela academia da qual você vem correndo tem tempo, àqueles livros que estão empoeirados aguardando serem lidos e, por fim, mas não menos importante, o bendito planejamento financeiro que você saber ser fundamental, mas nunca inicia. Há pouco mais de dois anos, comecei a fazer cada uma dessas coisas que citei aí no início do post. De lá pra cá, sinto que cresci muito como pessoa, seja no âmbito profissional ou pessoal. Me organizei financeiramente, comecei a investir, terminei a minha faculdade, comecei um curso de empreendedorismo e entrei na academia. Felizmente, não tenho do que reclamar da minha qualidade de vida. Entretanto, tem uma coisa que me atormenta desde que comecei tudo isso. É uma pergunta que eu não conseguia responder, ao menos até hoje. Por que eu to investindo?

Ter objetivo é um dos princípios básicos que regem o investimento . Sem ele você fica sem um norte, e acaba não estipulando metas, muito menos consegue ter métricas para saber como você está andando. Ou seja, eu estava assim: perdido. Minha preocupação até então foi a de não perder dinheiro. Somente me preocupei em acumular, acumular e acumular. É óbvio que todos buscam segurança, e que uma reserva polpuda guardada é uma baita segurança, mas o fato é que não adianta ficar só guardando sem aproveitar nada. Pensando nisso, deu na "telha" pegar tudo que tenho guardado, inclusive vender o carro (se for preciso) e partir para fazer um curso fora do país. Ainda não vai ser um mestrado, que com certeza irei fazer, mas um curso de inglês voltado para negócios. Será uma oportunidade enorme de melhorar o meu inglês, que anda bem enferrujado, e de ter uma vivência internacional. Infelizmente, nunca tive a oportunidade de fazer uma viagem dessas. A grande questão, e que vem pesando bastante, é que me inscrevi para diversos programas de trainee. Estou querendo me mudar para o Rio e sinto que não falta muito para eu conseguir. Passei para a segunda fase de três dos programas para os quais me inscrevi, fiz as provas e estou aguardando os resultados. Se eu passar da próxima etapa, o sonho de ir pro Rio se torna palpável. Aguardar esses resultados está pesando muito na decisão de fazer uma viagem pro exterior. Outro fator preponderante, é o fato de eu ser concursado na Petrobras. A família toda, e alguns amigos também, acham que eu sou louco de pedir demissão pra viajar. Acham que eu devo continuar estudando inglês por aqui e ir tocando a vida. Bom, a única coisa que sei é que não posso me acomodar. Não terminei o meu curso de engenharia a toa. Se uma outra oportunidade bacana pintar, com certeza sairei da empresa em que estou para alçar novos voos. Não sei o porquê de tanto medo das pessoas, afinal de contas, vivemos em um país que está criando muitas oportunidades para as pessoas que querem e trabalham de verdade. E a bendita viagem, o que eu faço? Confesso que ainda não sei.

Mais complicado do que tudo que comentei acima, é saber se essa viagem realmente será um divisor de águas na minha vida, pois estarei mexendo nos meus investimentos para fazer um novo investimento de risco. Quem já conseguiu acumular alguma coisa investindo, sabe muito bem o quanto é difícil mexer nos investimentos, ainda mais quando estamos ganhando. Se você, leitor, tiver alguma opinião formada ou já viveu uma experiência do tipo, adoraria saber sua opinião. Deixa aí um comentário ou me manda um e-mail. Agradeço desde já

Faltam pouco mais de dez dias pro início de 2011 e a minha cabeça tá a mil. Só sei que muitas mudanças virão.

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E você, já sabe o que vai fazer em 2011? Pretende começar a investir?

Independente do que eu faça, estarei compartilhando minha decisão aqui com vocês. Também começarei a colocar a minha carteira de investimentos e os meus rendimentos aqui no blog, pautado no exemplo do colega Henrique, do blog HC Investimentos.

Um abraço para todos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luciano Huck, o apresen... Ops! Investidor.


A assessoria de impresa do Peixe Urbano confirmou que o apresentador Luciano Huck tornou-se sócio da empresa, comprando uma pequena participação na mesma. Essa participação não foi divulgada, mas há especulações de que ele tenha adquirido 5% da empresa. O apresentador, em princípio, não entrará no controle da empresa, que continua sendo tocado pelos três sócios.

Pra quem não sabe, o apresentador também tem participações em outros negócios, como a rede de academias Body Tech e a rede Yoggi. Muitos podem se perguntar o porquê dele estar fazendo isso, mas acho que ele é uma pessoa extramamente inteligente, pois, por mais que ele e a esposa ganhem bem na Globo, o futuro é incerto. Tendo em vista que eles tem dois filhos, e que eles ainda são bem novinhos, nada mais justo do que diversificar os investimentos.

Acho que toda celebridade deveria se preocupar com o futuro. Afinal de contas, quantas histórias temos de pessoas que em dado momento estavam no auge e agora estão por aí fazendo bicos?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Bruce Bueno de Mesquita, o "Nostradamus da Ciência Política"



Quem me visita com frequência sabe do meu interesse por modelagens matemáticas. Sendo assim, não poderia deixar de postar uma resenha do livro The Predictioneer’s Game (Em tradução livre "O jogo do prognosticador"). A resenha foi feita por um doutorando em relações internacionais e encontra-se neste link -> Mundorama.

O Mundorama, aliás, é um site - FANTÁSTICO - que tem muita coisa bacana sobre Relações Internacionais. Não entendo quase nada disso, mas aconselho aos estudantes que estejam buscando trabalhos científicos na área. Visitem!

Agora chega de Blá, Blá, Blá e boa leitura.

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Resenha de The Predictioneer’s Game, por Luiz Antônio Gusmão



Acadêmico com bom trânsito na mídia, autor de mais de uma dezena de livros e centenas de artigos, Bruce Bueno de Mesquita (New York University) já foi chamado de “Nostradamus da Ciência Política” por prever com precisão e eficácia o desdobramento de processos políticos complexos com base em modelos formais de teoria dos jogos. Sua última obra, além de uma honesta autobiografia acadêmica sobre a trajetória de um obscuro doutorando em Ciência Política da Universidade de Michigan que acabou montando uma discreta e bem-sucedida empresa de consultoria para serviços de inteligência do governo e grandes corporações, é também um provocante panfleto teórico-metodológico.

O objetivo principal é divulgar (e fomentar a aplicação) do modelo que BdM vem desenvolvendo nas últimas três décadas e tem aplicado na análise de, por exemplo, negociações internacionais sobre quotas de emissão de gases do efeito estufa, o programa nuclear do Irã e a ajuda militar ao Paquistão para fazer frente ao ressurgimento dos Talibãs.

O modelo é simples, mas nada simplório. Basicamente, consiste em alimentar um software com informações obtidas a partir de pesquisas e entrevistas com especialistas sobre (1) os atores envolvidos e potencialmente interessados na decisão a ser tomada (2) a posição que eles assumem em relação à questão, (3) a importância que eles atribuem a sua solução e (4) o poder que os atores têm para influenciar os demais e “atraí-los” para sua posição.

A partir desses dados, o programa elabora uma série de matrizes que definem, em diversas rodadas, as percepções que os atores têm uns dos outros e a probabilidade com que eles irão coordenar esforços, entrar em conflito, pressionar seus rivais ou simplesmente aquiescer. Cada rodada gera uma situação em que as posições, a influência e/ou a importância atribuída vão se ajustando estrategicamente (competitiva ou cooperativamente), configurando a situação que seria conveniente para cada um dos envolvidos. O jogo continua até que uma coalizão estável de atores poderosos se forme próximo à mediana. Quando a distribuição de coalizões se polariza, tem-se uma situação de conflito iminente.

Claramente, a obra se dirige ao público não-especializado. As complexas equações de utilidade e cálculo de custo-benefício são deixadas para as referências bibliográficas. Do instrumental teórico empregado, apenas rudimentos de Escolha Racional são apresentados nos capítulos 2 e 3. BdM se esforça para convencer-nos de que sua metodologia, rigorosamente científica, não apenas permite aos decisores antever os resultados de complexas interações estratégicas como também moldá-las de forma a produzir resultados favoráveis (seja evitar a deflagração de uma guerra ou a detectar, com anos de antecedência, empresas com alto risco de fraudes).

É com surpresa e diversão que o vemos contar como foi contratado para manipular as regras de escolha do diretor de uma empresa de forma a eliminar o candidato preferido pela maioria dos diretores (mas detestado pelo gerente que iria ser substituído), permitindo a eleição de um nome que sequer estava entre os três primeiros (problema que remete ao célebre paradoxo de Condorcet: as preferências coletivas são cíclicas, ou seja, quando agregadas não produzem equilíbrios estáveis, sendo sempre possível fazer uma coalizão alternativa de votos que vença na barganha; daí, quem elabora as regras de votação pode arranjá-las de tal forma que sua opção preferida seja a escolhida e o processo pareça imparcial).

Toda versatilidade do modelo é testada quando aplicado para elaborar interessantes contrafactuais de eventos históricos (a decadência de Esparta, a deflagração da I Guerra, a ascensão de Hitler) e reinterpretar a importância das instituições na modulação de processos de longa duração (para BdM, a formação dos Estados nacionais e a decadência da Igreja Católica foram consequências diretas das regras estabelecidas com a Concordata de Worms, em 1122).

O autor é o primeiro a chamar atenção para os limites do seu modelo: ele não é aplicável a dinâmicas de mercado (onde os atores interagem espontaneamente) e a incorporação da dimensão temporal é problemática (e não é bem explicada no livro). Também deixa claro que, para funcionar adequadamente, depende não apenas de informação bem pesquisada, mas também da elaboração de questões pertinentes e precisas. Ou seja, o talento do pesquisador está na base da pesquisa, elaboração dos dados e interpretação dos resultados. O modelo apenas processa as informações.

O capítulo sobre os grandes fiascos é um exemplo de como aprender com os erros para melhorar e sofisticar a análise. BdM previu que a reforma do sistema de saúde do governo Clinton seria aprovada pelo Congresso, mas seu modelo não contava (nem tinha como prever) com a ocorrência de denúncias de corrupção que acabaram por provocar a saída de um dos atores-chave no processo de tramitação do projeto na Comissão de Meios e Arbitragem. BdM usou essa falha grave para incorporar ao modelo modificações aleatórias nas variáveis-chave (posição, saliência, influência).

No site do livro (http://www.predicitioneersgame.com), o leitor pode testar por si mesmo a última versão do modelo que, além dos choques aleatórios, incorpora as variáveis de flexibilidade (capacidade de se comprometer com um posição mesmo que o resultado preferido não seja obtido ou de mudar de acordo com o vento, apoiando sempre a coalizão vencedora) e de poder de veto (uma dummie que identifica os atores que podem bloquear decisões).

A obra merece ser traduzida e consumida por alunos sequiosos de modelos analíticos com aplicação prática a problemas empíricos. A difusão do trabalho desse acadêmico prolífico e empreendedor pode provocar uma renovação na comunidade brasileira de Relações Internacionais, onde a metodologia quantitativa e as abordagens formais são vistas com desconfiança, desprezo ou sarcasmo.

DE MESQUITA, Bruce Bueno (2009). The Predictioneer’s Game: Using the Logic of Brazen Self-Interest to See and Shape the Future. New York: Random House, 272 pp. ISBN 1400067871

Luiz Antônio Gusmão é doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UnB e analista de relações internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG (luizgusmao@gmail.com).

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Esse livro já tá na lista de prioridades pra leitura.

Adoro essas coisas.